Quando não é possível se despedir pela última vez
Psicólogo do HNSG fala sobre como lidar com o luto em tempos de COVID
Se despedir de alguém que você ama já é difícil, no momento em que estamos vivendo é ainda mais delicado. Devido às medidas preventivas para conter a transmissão da COVID-19, os velórios estão mais rápidos, não há toques, nem abraços, e há limite de pessoas. Muitos, inclusive, não podem nem acompanhar seus entes queridos em seus últimos dias de vidas. E o que fazer com esse sentimento de adeus que ficou reprimido? O psicólogo do Hospital Nossa Senhora das Graças, José Palcoski, afirma que é importante buscar formas alternativas para vivenciá-lo.
Segundo o psicólogo, o luto é uma reação natural do ser humano, que é importante e saudável ser vivido, independente de cada cultura e de cada ritual realizado. A pessoa sofre, sente tristeza, chora, porém com o passar do tempo aceita a perda com mais tranquilidade. Ao contrário do luto complicado, quando esse sentimento continua por tempo prolongado. “Quando a pessoa não consegue elaborar emocionalmente o processo de perda, ela pode levar esse sentimento de tristeza, apatia, culpa, depressão, para a vida toda”, explica o psicólogo.
É por isso que, por mais difícil que seja, como explica José, a perda precisa ser marcada.”Nesse momento que estamos passando, caso você tenha algum familiar ou conhecido que venha a falecer – pela COVID ou não, e fique impossibilitado de vivenciar esse momento de despedida da forma que gostaria, busque outras formas alternativas de vivenciar isso”, orienta o psicólogo.
O profissional afirma que alguns rituais podem ajudar:
– Encontre fotos da pessoa que faleceu e lembre de momentos agradáveis que vocês viveram, de situações tão boas que foram registradas nas fotos e faça esse processo de despedida.
– Escreva pequenas cartas de despedida e faça um processo ritualístico. Coloque essas cartas em uma panela e queime-as. Imagine que todas essas palavras que você escreveu e estão sendo queimadas, estão também sendo enviadas diretamente para essa pessoa e que ela estará recebendo todo o seu carinho, seu afeto e seu amor, onde quer que ela esteja.
– As redes sociais também podem ajudar. Selecione uma foto do ente falecido e publique. Receba os afetos, as condulências, os pêsames, de todos os seus amigos e de pessoas que gostam de você, recebendo assim força e apoio, não deixando o momento em branco e que se torne um vazio.
Encontre ajuda
O luto prolongado não deve ser ignorado. Nessa condição é importante procurar ajuda de um profissional de saúde mental.
A Prefeitura de Curitiba possui um serviço telefônico gratuito de escuta e acolhimento, criado para o enfrentamento do novo coronavírus. O serviço é destinado às pessoas que sintam necessidade de conversar com um psicólogo por medo e ansiedade devido à pandemia.
Serviço: TelePaz
Para a população em geral: (41) 3350-8500
Para os servidores da Prefeitura de Curitiba:(41) 3350-8200
Atendimento de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h